domingo, 8 de junho de 2008

Cidadão Kane


Quando Orson Welles, aos 25 anos, fez Cidadão Kane (1941), provavelmente ele sabia que estava fazendo um grande filme, mas ele não tinha idéia que sua obra seria considerada, por várias décadas, como o melhor filme de todos os tempos. E o que Cidadão Kane tem de tão especial, para merecer tanto mérito? Ousadia! Welles não poupou inovações neste grande clássico. O filme conta a história do magnata Charles Foster Kane, dono de uma rede de jornais, rádio, fábricas e uma mina de ouro. Protagonizado pelo próprio Welles, a história é contada de maneira inusitada. Começa com a morte de Kane e posteriormente um pequeno documentário com a sua trajetória, feito por um jornalista, que não muito satisfeito com o resultado, começa a pesquisar, entrevistar pessoas que conviveram com Kane e desvendar sobre a última palavra proferida pelo magnata: “Rosebud”.
A história é narrada de maneira não-linear, assincronica, em flashes-back. Cada pessoa que é entrevistada faz surgir um pedaço do quebra-cabeça que o expectador tem que montar. Nunca o flash-back foi usado desta forma. Orson Welles revolucionou a linguagem cinematográfica com o bom uso da profundidade de campo, geniais movimentos de câmera, enquadramentos de 1º e 2º planos das cenas e jogo de luz e sombras, que dão um toque inovador ao filme. Vale lembrar também da direção de arte esplendorosa. Permitiu Kane envelhecer aos nossos olhos de maneira sutil. A forma como Welles denunciou os desmandos do jornalismo, causou muita polêmica na época, criando um movimento anti-Kane: liderado por William Randolph Hearst, que viu em Cidadão Kane sua biografia.

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