domingo, 13 de abril de 2008
Mudança de paradigma
Existem alguns filmes que além de serem considerados excelentes filmes, promovem toda uma mudança nos conceitos da linguagem, tornando-se referências em seus gêneros. Prova disso é "Cidadão Kane", além de modificar a pespectiva de enquadramento e posicionamento da câmera, inovou na maneira assincrônica de contar a narrativa. Mas falaremos de um filme que se tornou um marco no gênero terror: O bebê de Rosemary.
O filme “O bebê de Rosemary”, do diretor Roman Polansky, filmado em 1968, é um grande clássico da sétima arte. Mas, além disso, é considerado o responsável na mudança de paradigma no formato do gênero fílmico de terror.
Roman Polansky é um diretor polonês, já conceituado por seus filmes europeus, recebe a proposta de fazer este filme estadunidense que era a adaptação do romance best-seller de Ira Levin. Á princípio o filme foi pensado nos moldes do cinema de terror praticado na época, porém resolveu-se dá um toque de sutileza a narrativa. A escolha do diretor Roman Polansky foi bem apropriada para este objetivo. O diretor polonês tem a característica de promover sempre a ambigüidade nos seus filmes, além disso trabalha muito bem com aspectos da intextualidade e seus personagens têm toda a tensão psicológica típica das pessoas reais.
O filme “O bebê de Rosemary” tem algumas peculiaridades interessantes. Foi chamado para ajudar na produção do filme o diretor e produtor Willam Castle, especialista na produção de filmes de terror classe B. Também teve a cooperação do integrante da igreja satânica Anton Lavey para dá assessoria ao filme, durante as cenas de rituais. Alguns consideram que esta interferência era para dá mais veracidade , outros acham que era apenas jogo de marketing.
O filme conta a história de um jovem casal que se muda para um apartamento no edifício Dakota: este prédio seria famoso anos depois por se tornar o local onde Jonh Lennon seria asssassinado. O casal que foi interpretado pela atriz Mia Farrow e por Jonh Cassavetes, foi logo recepcionados por um casal de simpáticos vizinhos idosos, mostrando-se sempre muito afetuosos e solidários. A trama começa a se desenrolar quando Rosemary engravida e sua vizinha anciã intensifica os cuidados com a jovem, tornando-se quase obsessivos. Rosemary desconfia que seus vizinhos fazem parte de uma seita satãnista e vê seu marido, um fracassado ator ambicioso, mudar seu comportamento no estabelecimento da relacão com os mesmos.
Começa à partir daí um terror psicológico, principalmente porque as desconfianças de Rosemary ficam na tênue linha entre a verdade dos fatos, ou dos delírios de uma mãe de “primeira viagem”.
O filme apesar de ser de terror, em nenhum momento mostra cenas de violência extrema ou sangraria, característicos dos filmes de terror da época. Também passa a maior parte do tempo no apartamento de Rosemary e tudo é mostrado com os olhos da protagonista, como se seus olhos fossem a própria lente da câmera.
O filme têm um conjunto de fatores que o torna um marco nos filmes da época. O roteiro mantém sempre um suspense em caráter crescente. A atriz Mia Farrow faz uma excelente interpretação, mostrando uma Rosemary fraca, de aparência débil, e muito assustada. A direção consegue imprimir um ritmo fantástico para um filme que se passa a maior parte do tempo num apartamento. A vizinha idosa, interpretada por Ruth Gordon ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante.
O filme é extremamente denso por mostrar também o amor incondicional materno, superando até o fato de se gerar um anti-cristo. Mexe bastante com o imaginário coletivo, pois o bebê não foi mostrado em nenhum momento.
Este filme foi o precursor de outros clássicos do gênero na década de 70 como “O Exorcista” e a “A Profecia”, além de fazer escola até hoje.
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